Ana Cláudia Machida e o filho LyotoO brasileiro Lyoto Machida se prepara para mais uma luta no UFC. Desta vez, o adversário será o americano Ryan Bader, em combate que acontece no dia 4 de agosto no Staples Center, em Los Angeles, nos EUA. Enquanto o lutador realiza treinamentos diários em uma academia de Belém, sua mãe, Ana Cláudia Machida, precisa exercitar a calma e deixar o nervosismo de lado. Os meses que antecedem uma luta do filho nunca são os mesmos. O coração fica apertado. Assistir ao confronto, nem pensar. Não é fácil ser a matriarca de uma família de lutadores.
Ana Cláudia é uma baiana no meio de japoneses. Conheceu Yoshizo Machida em uma academia de lutas em Salvador. A família chegou à capital paraense a trabalho, em 1978. Lyoto tinha apenas três meses de vida. Ela lembra que as brincadeiras preferidas do filho sempre incluíam um quimono.
- Lyoto sempre gostou de lutar. Lembro que, aos três anos, ele iniciou os treinamentos com o pai. Sempre me dizia que o sonho era ser um grande lutador, não queria ficar somente em Belém. Na realidade, ele sempre quis 'ganhar o mundo’. Desde cedo queria ‘criar asas’.E criou. Lyoto esteve invicto no MMA até a segunda luta com Maurício "Shogun" Rua e detinha o melhor cartel de qualquer lutador profissional, até então com 16 vitórias e nenhuma derrota. Apesar de incentivar o filho, se dependesse só da mãe, a profissão teria sido outra.
Lyoto Machida já ensaiava os primeiros- Meus cinco filhos sempre foram criados dentro do karatê, que é uma filosofia de vida, mas nunca incentivei nenhum deles a ser um lutador. Quando o Lyoto começou a despontar, eu perguntei se era realmente isso que queria. É um esporte tão perigoso... Depois que ele se formou em educação física é que seguiu esse caminho. Então incentivei. Não podia ‘derrubar’ o sonho de um filho.
Apesar de acompanhar o esforço de Lyoto Machida nos treinamentos, Ana Cláudia não assiste às lutas. O máximo que já viu foi a entrada do filho no octógono, em gravações feitas pela família após os confrontos. Os momentos que antecedem as disputas são os mais complicados para a matriarca.
- Não consigo dormir. Fico o tempo todo apreensiva, rezando a Deus para que Lyoto não se machuque. No momento da luta, ando pela casa com aquele aperto no coração, um frio na barriga... Quando alguém me liga dizendo o resultado, fico mais calma. Quando ele vence, então, o sentimento é melhor.
Lyoto com a mãe Ana Cláudia MachidaA família se reúne todos os finais de semana para um almoço. É o momento para Ana Cláudia rever os filhos e os netos. “Não é parecido com o Lyoto?”, indaga à reportagem, mostrando a foto do neto mais velho, Taio. No domingo (13) do Dia das Mães, não será diferente. Oportunidade para Ana preparar o tempura, prato clássico da culinária japonesa preferido de Lyoto.
- É um dia muito importante. Meus filhos ficam me abraçando mais, me elogiando, beijando... Ver todo mundo reunido me deixa bastante feliz.
Após um dia intenso de treinamento, Lyoto abraça e beija Ana Cláudia. Para ela o presente ideal do Dia das Mães pode ser dado pelo filho em agosto: uma vitória na luta contra Ryan Bader. O brasileiro não foge da responsabilidade.
- Minha mãe é tudo na minha vida. Sempre foi uma mulher forte, destemida. Nos momentos mais difíceis, até quando a gente passava por dificuldade financeira, era ela que ‘segurava a onda’. Foi dela que tive a minha formação espiritual. Um pedido vindo dessa mulher é uma ordem. E se é essa vitória que ela quer de presente pelo Dia das Mães, prometo que vou me doar mais ainda pela vitória.
Ana Cláudia Machida recebe o carinho de Lyoto (Foto: Gustavo Pêna/GLOBOESPORTE.COM/PA