Lucélia pede mais atenção para o karatê no Brasil.

29/10/2011 10:10
Guadalajara 2011

Recordista em Pans, brasileira pede maior reconhecimento ao caratê

Lucélia Ribeiro alcançou um inédito tetracampeonato na competição nesta sexta (28)

Carolina Canossa, do R7, direto de Guadalajara

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Lucélia Ribeiro (à direita) entrou para história ao conquistar o tetracampeonato nos Jogos Pan-Americanos.

Desconhecida em seu próprio país, Lucélia Ribeiro alcançou nesta sexta-feira (28) um feito inédito no esporte brasileiro ao conquistar pela quarta vez consecutiva o título dos Jogos Pan-Americanos. Até hoje, nenhuma outra mulher brasileira havia obtido a marca.

Com o ouro da categoria até 68 kg no peito, a carateca não desabafou, não chorou e nem reclamou da falta de patrocinadores para si. Apenas pediu maior atenção à modalidade:

- Eu não falo nem de mim, mas do meu esporte. Falta ainda olharem um pouco mais para o caratê. As pessoas ficam muito naquela de dar atenção para os esportes que estão nas Olimpíadas, mas já temos quase 30 medalhas em Pans. É preciso reconhecimento.

Uma das poucas pessoas que conseguem viver exclusivamente da modalidade no Brasil, Lucélia sonha com o dia em que verá o seu esporte popularizado:

- É muito legal que falem de mim, mas o que eu quero é que as pessoas vejam como o caratê é legal. O caratê me ajudou muito a vida inteira em tudo, a ter disciplina, a ser persistente, me deu a pessoa que eu amo. Que essa arte seja conhecida.

Quando fala na pessoa que ama, Lucélia se refere ao também caracteca Douglas Brose, que levou bronze na categoria até 60 kg dos Jogos. Durante a final da esposa, o atleta ficou muito nervoso e tentava passar instruções a ela:

- Quando ele está lutando, eu também fico para morrer... (risos).

De fato, a luta decisiva no México foi muito complicada. Diante de uma atleta da casa, Yadira Lira, Lucélia só venceu por decisão da arbitragem após empate em 0 a 0 durante o combate e a prorrogação de um minuto. Como não poderia deixar de ser, o público mexicano vaiou muito:

- Às vezes as pessoas não entendem que quando não sai um ponto real na luta, a arbitragem tem que decidir por aquele que foi mais ofensivo. E no início da luta ela evitou um pouco lutar comigo. No finalzinho, quando a mexicana viu que tinha sido pouco ofensiva, tentou vir mais para cima, mas aí eu já havia tido chances reais de ponto e isso conta.

Questionada se vai tentar o pentacampeonato do Pan em 2015, Lucélia desconversou dizendo que mira “um ano de cada vez”. Por enquanto, ela só quer saber de comemorar mais um ouro em sua galeria:

- Este era um título que eu queria muito, por mim e por meu esporte. E busquei com muito afinco, desde o Pan do Rio que eu estou perseguindo essa medalha de ouro. Tudo o que eu fiz em 2011 foi em função dela. Estou muito feliz.